quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"The issue is not writing"...but counting.

Se você tivesse um único conselho para dar aos jovens jornalistas, qual seria?, perguntou a "Time" para o escritor Malcolm Gladwell, da "New Yorker". Olhem o que ele respondeu (os grifos são meus):

The issue is not writing. It's what you write about. One of my favorite columnists is Jonathan Weil, who writes for Bloomberg. He broke the Enron story, and he broke it because he's one of the very few mainstream journalists in America who really knows how to read a balance sheet. That means Jonathan Weil will always have a job, and will always be read, and will always have something interesting to say. He's unique. Most accountants don't write articles, and most journalists don't know anything about accounting. Aspiring journalists should stop going to journalism programs and go to some other kind of grad school. If I was studying today, I would go get a master's in statistics, and maybe do a bunch of accounting courses and then write from that perspective. I think that's the way to survive. The role of the generalist is diminishing. Journalism has to get smarter.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

o colorido aumenta a cada dia

Embora tenha queda pelo click e faça curso e tudo, não sou fotógrafa. Mas às vezes vejo coisas, assim no meio do nada, que gostaria que os outros vissem, mesmo que não fosse especialmente bonito. A música, no leitor de mp3, funciona como uma espécie de sintonizador de frequências alternativas para o que os olhos vêem, um filtro. Por exemplo, ontem à noite no metrô ouvia o magnífico Hallelujah, na voz de Leonard Cohen, e no vagão soturno, no meio daqueles rostos iluminados a néon branco, um deles, uma jovem moça, de cabeça encostada à janela, com os olhos postos na escuridão do túnel, parecia a Maria Madalena de El Greco.



Em que pensava ela?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

pequena alegria

Isso aí é uma graça, soa àqueles dias de felicidade clandestina, estilo momento Kodak ou Doriana, sabem? Olhem só a cara deles. Virou o ring-ring do meu celuleba. Enjoy it =).

sexta-feira, 3 de julho de 2009

twins

Não fossem os seis anos a mais do primeiro, dava para jurar que eles foram separados no berço.

Leonard Cohen



e Al Pacino

terça-feira, 23 de junho de 2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

música para ouvir sobre trilhos

Full Moon
The Black Ghosts

When the thorn bush turns white that's when I'll come home
I am going out to see what I can sow
And I don't know where I'll go
And I don't know what I'll see
But I'll try not to bring it back home with me

Like the morning sun your eyes will follow me
As you watch me wander, curse the powers that be
Cause all I want is here and now but its already been and gone
Our intentions always last that bit too long

Far far away, no voices sounding, no one around me and
you're still there
Far far away, no choices passing, no time confounds me and you're still there

In the full moons light I listen to the stream
And in between the silence hear you calling me
But I don't know where I am and I don't trust who I've been
And If I come home how will I ever leave

sábado, 16 de maio de 2009

man on wire


Nunca nos sentimos tão vivos quando por um fio escapamos de uma tragédia. É como se, andando distraídos pelas ruas da vida, não fossemos atingidos pelo carro que vem a 70 quilômetros por hora na direção oposta. Com sorte, quando a graça do escape nos ocorre, somos imediatamente tomados de uma energia vital descontrolada, seguida de um misto de culpa e alívio: Meu deus!, quase que.... Um limite indefinido, mas como que tangível, põe em paralelo a vida e a morte, e agente fica solto, meio pendente, bem no centro. Vim com essa sensação, a tira loco, do caminho entre o cinema, onde assisti ao documentário O Equilibrista, até em casa. O documentário de James Marsh conta a história de um homem que transforma seu sonho em realidade. Me perdoem a frase clichê, mas só ela mesma para definir a obsessão do jovem Phillippe Petit em cruzar pelos ares as torres gêmeas do World Trade Center, que à época, mil novecentos e setenta e poucos, eram o topo do mundo feito de concreto e aço. Sonhador ao extremo e encantador (como são todos que sonham acordados), é o próprio francês que narra o documentário com um entusiasmo e teatralidades sem igual.Olha que se trata de um coroa, bem conservado é verdade, mas coroa, o que me remete a outra pérola: “quem tem um sonho nunca envelhece”. Não dá pra esquecer a expressão compenetrada do jovem atravessando precipícios sobre cordas de aço, do rosto transmutando-se numa máscara de concentração, parecendo uma esfinge. Por estar tão próximo da morte, o equilibrista fazia da seriedade e da ousadia elemento sinequanon para permanecer vivo, como preconiza um de suas falas - “Para viver plenamente é preciso ir ao limite, andar na corda bamba, ver cada novo dia como um desafio”. O filme é um sopro de 90 minutos de poesia e vida. E a trilha sonora do Michal Nyman e J. Ralph e a fotografia (não lembro de quem era), lindas de morrer, são uma massagem aos sentidos. O filme levou o Oscar 2009 de melhor documentário.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Amanhã faço 24 anos

..dizem os calendários humanos. Se eu fosse um espécime canino, de acordo com este conversor, estaria fazendo 109 anos. Ui!, nada bom. Se bem que a condição de cão tem lá suas vantagens. Estaria mentindo se dissesse que não invejo meu cachorro por toda a atenção que ele recebe da senhora minha mãe. Mais claro impossível: é chegada a vida adulta. Percebi que cheguei nessa fase quando minha mãe passou a gastar mais dinheiro, tempo e palavras com o cão do que comigo. Ou fazendo ouvido de mercador para as novidades de meu looongo dia de faculdade e labuta no mundo exterior ( no “ó cruel e feio mundo exterior!”) enquanto assistia, compenetrada, à novela das oito, ao jornal das dez, à Oprah, ou ao cozinheiro britânico fofinho e gostoso, ops, que cozinha gostoso, etc, etc. A logística de tal evento intimida-me. Nem faço festa.

De resto, fazer anos é bom. A vida vai se simplificando, o ruído vai desaparecendo. Já que nada me confere dignidade, nem um terninho e scarpin ou um BMW vermelho, um cabelo branco, uma árvore plantada, uma voz grave, nem uma coluna num jornal, pois que meus 24 anos imponham algum respeito ao atendente do café que me trata por "diga, jovem, o que vai ser?" todos os dias, enquanto que as outras moças com mais dígitos cronológicos do que eu ( põe bem mais nisso) são mimoseadas com um polido "o que deseja a senhora?". A conferir.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

trilha sonora pro fim de semana

sexta-feira: carregando a bateria com MGMT

domingo: refletindo com MGMT

e em caso de desespero no meio do caminho:

domingo, 1 de fevereiro de 2009

estagiário

sua importância se justifica assim:
Pedala, criança!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

The Curious Case of Benjamin Button

Às vezes tenho medo de ter coisas boas porque, cedo ou tarde, as perdemos, fatalmente as perdemos, e ficamos tristes. Tenho medo de ter o cepticismo face à vida que tanta gente tem depois do confronto com a incompreensível e avassalante rapidez com que a vida nos tira o chão de debaixo dos pés e nos deixa pendentes no vazio. Os encontros na vida são tão raros que dói saber que no final da esquina acena um desencontro. Há um drama, um imenso drama que experimento nos momentos de alegria, a que chamo “saudade antecipada”. Para abrandá-lo, vez por outra me imponho o exercício de me conscientizar do não ter na hora de ter. Funciona mais ou menos assim: quando me sinto fortemente entusiasmada com algo, mentalizo: isto passará. Faço o mesmo, mas com bem menos freqüência, nos raros momentos de melancolia: isto também passará.

Talvez por isso o “The Curious Case of Benjamin Button” seja um dos contos do Fitzgerald que mais me dão um nó na garganta, de uma lista onde estão “O amor à noite”, “A Escada de Jacob” e o “Diamante do Tamanho do Ritz”. Fitzgerald é agridoce. Há sempre um infortúnio iminente pairando sobre suas personagens em todas as histórias, mesmo as com final feliz. Se tivessem trilha-sonora, os três primeiros versos de bittersweet synphony do The Verve lhes cairiam como uma luva. Não me recordo de alguma vez ter vertido uma lágrima depois de um ponto final do escritor norte-americano. Nó na garganta e perplexidade diante de algo grande, isso sim, frequentemente.

Em compensação foi impossível me conter ao assistir a adaptação para o cinema. A produção, ao contrário da adaptação sem tirar nem por do The Great Gatsby, passa tangente ao enredo original do conto. Ainda assim faz juz ao escritor quando descreve a tintas fortes e com beleza um simples entardecer, os ruídos da cidade em movimento, as rachaduras nas calçadas, o estalar do assoalho em casa. O roteiro para cinema criou com louvor uma experiência de vida, com todos seus altos e baixos, do túmulo ao berço, relativizando a efemeridade, os encontros e desencontros. Essa sensibilidade - latente neste e noutros contos de Fitzgerald – a produção levou ao extremo de forma impecável.

Na adaptação, Benjamin cresce numa casa de idosos, e consequentemente amadurece num mundo de pessoas em paz com sua própria mortalidade, não há muita coisa que o assuste. Portanto, ainda muito jovem, os aspectos mais profundos da morte lhe são familiares. Em ambos, o jovem Button é impacto por seus relacionamentos, lembrando com ardor de seu primeiro beijo, seu primeiro amor. Contudo, no conto, seu casamento com Hildergade se deteriora com o tempo:

“There was only one fly in the
delicious ointment--he hated to appear in public with his wife.
Hildegarde was almost fifty, and the sight of her made him feel
absurd....”


Enquanto isso, no cinema..
Benjamin conhece Daisy (Hildergade, do conto) quando ambos são crianças, ela visita assiduamente a avó em Nolan House, onde ele mora com os pais postiços. Uma história de amor se desenrola a partir desses encontros; a menina ruiva parece enxergar a criança que vive por baixo da sua superfície idosa e incapacitante. Definitivamente, há algo muito poético nessa condição, o filme mostra isso claramente. Imagine aceitar a idéia de envelhecer enquanto a pessoa que você ama caminha para a juventude? Not easy, nor fun. Ao contrário do filme, o conto não nos faz essa pergunta, não diretamente. Mas se há um mérito naquele é o de ter conseguido acentuar o elemento-chave deste, a saber, que é nos encontros que as perdas se instalam, em meio às transas complexas e difíceis dos relacionamentos afetivos.

Gosto de pensar que toda essa brincadeira funciona como uma espécie de treino, uma provocação de desencontros preparatórios para o grand finale. Qual o objetivo do jogo? Aceitar as inevitabilidades da vida. Entender que as pessoas vão e vêm, que elas partem, seja por opção ou por simplesmente ter deixado de existir. Da mesma forma que nós também partiremos. É um jogo sem ganhos, nem perdas. Do jeito que começamos, terminamos - calvos, banguelas e de fraldas; só a expressão no rosto é que muda, os risos gratuitos da aurora se vão, desconheço o destino. O final que nos diz respeito já conhecemos há tempos. O grande barato é como lidamos com tudo isso.

..de volta aos estúdios:
Diretor, intérpretes, fotografia, música e principalmente a cadência com que a narrativa nos é apresentada, sem dúvida, justificam os prêmios a que o filme está concorrendo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

suave é a noite

Beijo de boa noite na filha, que lê.
− Mãe, você sempre me embaça os óculos.
A frase sai naturalmente, como quem diz “é...o serviço de meteorologia nunca dá uma dentro”. A mãe fecha a porta e deixa o quarto. Dois segundos depois, vem o charme avassalador.
− Mas dessa vez podereria ter sido diferente, né? − pergunta timidamente, enquanto minha alma ouve “você podia reclamar menos e apreciar o carinho da sua mãe”.
Aquiesço.
− Riqueza, a senhora não entendeu. A mensagem foi criptografada. Significa “você sempre me embaça os sentidos. Perco a concentração, sublimo”.
Silêncio.
− Boa noite, meu anjo − responde um sorriso em pessoa.
Olho no relógio, 22:20, os ponteiros também sorriem. Uma boa noite, é verdade.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

helping to write History

Em algum momento já falei aqui sobre o apreço que tenho por quem fala bonito, com elegância. Embora eu esteja a milhas e milhas de possuir o dom da retórica, ouso acreditar que tenho ouvidos sensíveis e reconhecedores de um bom orador. Os gregos tinham consciência desse traço distintivo e enalteciam-no. Afinal, foram eles que descobriram a civilização assente nas palavras. Saber retirar da capacidade da linguagem as consequências (agora sem trema) decorrentes dessa superioridade humana sobre todos os animais é algo a se admirar. Pois bem. Ajudado por seu carisma e retórica apurada, Obama ganhou popularidade ao longo da campanha e foi o candidato que melhor soube utilizar as palavras. Por isso, foi com um grande pasmo que descobri há pouco, lendo esta matéria no washingtonpost.com, o rapaz de 27 anos responsável por boa parte dos discursos do presidente eleito: Jon Favreau, Obama´s Chief Speechwriter. Do estilo despojado, calça jeans e camiseta, ele e sua equipe agora entrarão na Casa Branca metidos no terno e gravata. O que de forma alguma ameaça o espírito de mudança anunciado em seus escritos oficiais. Isso se nos basearmos no que ele diz ao jornal:

"We know that we're going to have to approach the White House our way and have some fun with it, because that kind of attitude is what made us successful."

"You had a bunch of kids working on this campaign together, and it was such a mix of the serious and momentous and just the silly ways that we are. For people in my generation, it was an unbelievable way to grow up."

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

hoje acordei assim




..feeling strangely fine =)