quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

For beauty is nothing but the beginning of terror



Chove forte neste Natal. Me recupero da ressaca gastronômica e emocional da véspera. A comemoração em família reuniu, além dos adultos, os membros mais jovens. A prima caçula de dois anos e sua irmã, cinco anos mais velha, a prima do distrito federal e minha irmã, ambas com dezessete anos, e dois cães, um de quatro, outro de onze. Foi essa trupe que tornou o festejo agradável mas, ao mesmo tempo, atravessado por intermitentes momentos de angústia. A juventude tem uma leveza e alegria por vezes isuportáveis ao coração. A sensação se aproxima a de uma inquietude branda, que sopra leve no peito e, no rosto, faz surgir o semblante típico dos apaixonados, um sorriso bobo. É o regozijo do corpo diante da vida - sempre nova. Seja por isso, seja pelo vinho do Porto ou, ainda, pelo apelo saudosista da trilha sonora (rock/pop dos anos 80), a data foi como deveria ser: a cada espiada, um sorriso besta e uma crença boba na existência dos anjos.

Who, if I cried out, would hear me among the angels'
hierarchies? and even if one of them suddenly
pressed me against his heart, I would perish
in the embrace of his stronger existence.
For beauty is nothing but the beginning of terror
which we are barely able to endure and are awed
because it serenely disdains to annihilate us.


-(primeira elegia do Duinos Elegies, de Rainer Maria Rilke)

]Foto por Trent Parke /Magnum[