quarta-feira, 25 de junho de 2008

Felicidade


Acordei meio piegas hoje. Acordei pensando no amor. Carolina diz que não dá pra descrever o amor sem soar um pouco piegas. Carolina é uma grande amiga minha, e não é fácil descrevê-la. Mas também não vim aqui falar de Carolina. Vim falar de amor, e de Charles Chaplin. Melhor, deixarei que ele fale por mim. Já mencionei que nascemos no mesmo dia? Li em algum lugar que 16 de abril é o dia do riso. Bom, em 1985 certamente foi o dia do alívio para minha mãe, mas enfim..não vim falar de risos, tampouco da senhora minha mãe. Como disse, vim falar de Chaplin e de seu amor por uma mulher, Oona. Quando se casaram, em 1943, ele tinha 57 anos e ela 17,nada mal, não? Viveram juntos até sua morte aos 88 anos. Um casamento longo e feliz, com 8 filhos. Agora, por favor, façam silêncio que Charles Spencer Chaplin Jr. - saído da última página de sua auto-biografia Minha Vida - vai falar. É como segue:
Afirmou Schopenhauer que a felicidade é uma condição negativa. Discordo. Nos últimos vinte anos conheci o que significa a felicidade. Tenho a boa fortuna de estar casado com uma criatura maravilhosa. Bem quisera escrever mais sobre isso, porém é de amor que se trata, e o perfeito amor é a mais bela das frustrações, pois está acima do que se pode exprimir. Na convivência com Oona, não cesso de apreciar, através de novas revelações , a profundidade e a beleza do seu caráter. Até quando ela vai à minha frente pelas calçadas estreitas de Vevey, com ar tão simples e tão digno, a sua harmoniosa figurinha erecta, os negros cabelos puxados para trás e mostrando alguns fios de neve, desaba sobre mim uma onda de amor e de admiração por tudo que ela é...e sinto um aperto na garganta. No gozo de tal felicidade, sento-me às vezes em nosso terraço, ao crepúsculo, e com o olhar a se estender sobre a vasta pradaria verde, contemplo o lago e, além do lago, as montanhas tranqüilizadoras; então, sem nada pensar, alheio a tudo, entrego-me prazeroso a essa magnífica serenidade.